“Recuperação e Resiliência” em debate no Encontro Grandes Hospitais no CHL

APEG Saúde organizou a iniciativa e juntou mais de 80 participantes

 

“Recuperação e Resiliência” foi o mote do Encontro Grandes Hospitais, que decorreu no dia 1 de outubro, no auditório do Hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria. A iniciativa foi organizada pela Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde (APEG Saúde) e promoveu a reflexão e troca de ideias, conceitos e abordagens, sobre algumas temáticas, moderadas pelos presidentes dos Conselhos de Administração das entidades presentes.

O evento juntou cerca de 80 participantes de várias unidades de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Universitário de São João, Centro Hospitalar Universitário do Porto, o anfitrião CHL e a Unidade Local de Saúde do Alto Minho, como convidada.

O primeiro tema do encontro centrou-se na “Integração de Cuidados e Multidisciplinaridade – É necessária uma nova Gestão Clínica?”, onde se ouviram muitas intervenções relacionadas com a importância da integração vertical de cuidados, nomeadamente entre as unidades hospitalares, os cuidados de saúde primários e os cuidados continuados, mas também a integração horizontal, entre especialidades. Durante a pandemia por Covid-19 os hospitais assistiram a uma verdadeira integração de cuidados entre as várias especialidades, em que todas se entreajudaram e conseguiram ser mais eficazes.

A temática da “Inovação – Problema ou Solução?” esteve centrada, maioritariamente, nos ensaios clínicos, que são um símbolo de inovação per si, sobretudo organizacional e tecnológica, que motivam os profissionais envolvidos e permitem o fomento do seu conhecimento, tendo um impacto financeiro significativo para as entidades onde são desenvolvidos.

No final da manhã, Félix Rubial Bernárdez, do Serviço Galego de Saúde, foi o orador de uma apresentação dedicada às “Tendências Internacionais – Uma visão de futuro”. Com um discurso fluído e uma palestra dinâmica, Félix Bernárdez destacou a importância crescente dos denominados “smart hospitals”. A digitalização tem permitido um envolvimento mais ativo dos utentes nos cuidados de saúde, e as constantes inovações nas tecnologias de gestão podem gerar uma experiência mais positiva do cidadão, e aumentar a eficiência e simplificar alguns processos para os profissionais. 

O orador convidado alertou ainda para a questão do envelhecimento e da multipatologia, na medida em que os doentes apresentam comorbilidades, e os hospitais ainda estão organizados em serviços clínicos, que só fazem sentido em termos académicos. Félix Bernárdez destacou também a relevância de ter um processo clínico eletrónico único para os cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados. Por fim, falou de uma importante evolução para que os doentes sejam tratados em casa, através da hospitalização domiciliária e da utilização da telemonitorização.

No período da tarde, os participantes refletiram sobre “As pessoas certas nos lugares certos – Onde está a dificuldade?”. Este foi um tema mais emocional, com vozes que defenderam a importância das pessoas gostarem do que fazem, gerando maior produtividade e bom ambiente de trabalho. Mas, quando esta meta não é cumprida ou viável, é relevante saber motivar os profissionais, colocando-os a fazerem o que gostam, desempenhando funções para as quais têm perfil.  

O último debate teve como mote as “Reformas e Financiamento – Recuperação e Resiliência. Quais as prioridades?”, em que foram ouvidas várias opiniões sobre a questão do financiamento, especificamente no financiamento por capitação, em que algumas regras têm mais de 20 anos. Uma solução apresentada seria financiar a qualidade dos cuidados prestados e pelos resultados obtidos em saúde, em vez do foco ser o volume de atividade realizada.

A iniciativa terminou com breves intervenções dos presidentes dos Conselhos de Administração com as principais conclusões.

«O balanço da iniciativa da APEG Saúde foi muito interessante, em formato presencial, muito participado, e onde foi possível discutir parte da agenda essencial do atual estado do Serviço Nacional de Saúde, e em particular dos grandes hospitais, perspetivando linhas de desenvolvimento estratégico dos serviços e da sua gestão nesta época de pós-pandemia», salienta Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL. 

 

8 de outubro de 2021.