«O profissional de saúde é a imagem viva do bom samaritano»

D. António Marto realça humanização dos cuidados e dos cuidadores
  
«O profissional de saúde é a imagem viva do bom samaritano», atestou D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, em visita ao Hospital de Santo André (HSA), unidade de Leiria do Centro Hospitalar Leiria-Pombal (CHLP), no passado dia 28 de fevereiro. O bispo partilhou com os profissionais de saúde a sua visão da “Profissão, vocação e missão”, no âmbito da visita pastoral à Vigariaria de Leiria, composta pela 73 paróquias da Diocese de Leiria-Fátima.
 
No encontro com os profissionais de saúde, que contou com “casa cheia”, D. António Marto explicou a sua presença, que é a «expressão da estima apreço e reconhecimento pelo trabalho e dedicação dos profissionais de saúde a todos os que se confiam aos seus cuidados». O bispo destacou a «vocação singular» em causa, em que se promove o «bem-estar da pessoa na sua condição mais frágil», perfazendo «a arte do cuidar, a ciência do amor».
 
Helder Roque, presidente do Conselho de Administração do CHLP, disse estar muito feliz com «a visita de um amigo», que é «brilhante no que faz pela diocese de Leiria Fátima, um trabalho que merece o respeito da comunidade», falando da «estima, respeito e amizade» que lhe tem.
«Encaro esta visita como o reconhecimento do que temos feito no CHLP, sendo que os valores da pessoa humana são a nossa meta diária, assim como o conforto, segurança, carinho confiança e humanização são preocupações sempre presentes. Aliás, basta ver o mote do CHLP: As pessoas primeiro».
 
Para o padre Rui Acácio, a visita pastoral às paróquias permitem ao Bispo «compartilhar, sentir o palpitar dos corações das comunidades, sentir “o sentir” das comunidades, neste caso envolvendo um setor profissional – em clima de família».
 
O Bispo focou a sua intervenção com os profissionais a sua visão da medicina e do cuidar, que deve «servir toda a pessoa e a pessoa inteira» fazendo um «serviço à humanização da pessoa e da sociedade». Partilhou A Parábola do Bom Samaritano, que expressa «o coração da cultura humana: cuidar do próximo, ultrapassar todas as barreiras, com compaixão, empenho e comunhão», sendo que o «profissional de saúde, na sua atividade, é o bom samaritano da parábola».
 
Os profissionais de saúde «dão expressão a um serviço profundamente humano e cristão, de dedicação e amor ao próximo» que atua na «prevenção, terapia, reabilitação e em defesa da vida», defendeu o prelado. Para D. António Marto, «não basta a perícia científica e profissional é preciso disponibilidade, atenção, compreensão, paciência e diálogo», defendendo a «visão integral do doente». Assim é possível ser «um profissional, não cristão, mas humanista, um bom samaritano», e isso é que é a «missão, a vocação».
 
«Para curar é preciso cuidar»
«Para curar é preciso cuidar», defendeu D. António Marto «cura-se algumas vezes, alivia-se quase sempre, mas cuida-se sempre», realçando a relação com o utente, com a pessoa doente: é preciso «técnica, intuição, sensibilidade, ética de bondade e respeito pela pessoa», sempre vendo o sujeito como único e singular.
 
Também Fernanda Pedrosa, enfermeira do CHLP e presidente da Associação Católica dos Enfermeiros e Profissionais de Saúde, defendeu que o profissional da saúde «pauta a sua conduta na defesa dos valores éticos e humanos».
 
D. António Marto quis partilhar ainda a sua visão do cuidar. «Cuidar é estar com, acompanhar, partilhar; é ocupar-se do outro; é respeitar e velar pela autonomia do outro; é respeitar a dignidade da pessoa singular; é velar pela circunstância do outro, compreender a sua vivência; é resolver as necessidades do outro; é preservar a identidade do outro». Acrescentando que «cuidar exige autocuidado, e há que perceber a experiência do cuidar fundamentalmente como a vulnerabilidade de todos», disse. «Cuidar do corpo do próximo e da humanidade é fazer renascer nele a esperança, saúde e felicidade. A glória de deus é o homem vivo com saúde física e espiritual», atestou ainda.
 
D. António Marto defendeu ainda que a transplantação é amar o próximo, é um chamamento humano e cristão. A este respeito, João Morais, diretor do Serviço de Cardiologia, disse ficar muito agradado com a abertura do bispo, acrescentando que Portugal lidera na legislação desta área.
 
Helder Roque garantiu que «estes são valores presentes no dia a dia de todos os profissionais, que encaram a sua profissão como uma missão. Além disso, para muitos de nós foram estes mesmos valores que nos trouxeram a esta atividade». Helder Roque atestou ainda que «no CHLP não existem só instalações seguras e confortáveis, conhecimento científico e alta tecnologia, existe também um profundo comprometimento com a humanização dos cuidados a quem nos procura», desejando que no hospital e na comunidade «nunca esqueçamos que a pessoa doente é um ser humano que precisa também daquilo que nós somos enquanto ser humanos».
 
Nascido em 1947 no concelho de Chaves, D. António Marto realizou a sua formação em Roma, e dedicou grande parte da sua vida profissional à formação de novos padres. Foi nomeado bispo em 2000, e foi bispo auxiliar de Braga de 2001 a 2004, e Bispo de Viseu desde 2004 a 2006, data em que recebeu a nomeação para Bispo de Leiria-Fátima. Foi vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, no triénio 2008-2011, e foi eleito delegado da Conferência Episcopal na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia, para o triénio 2011-2014.
 
Leiria, 5 de março de 2013