«Devemos ir às urgências apenas em casos realmente urgentes» - Maria do Carmo Rocha

«É fundamental não esquecer que devemos ir às urgências apenas em casos realmente urgentes», alerta Maria do Carmo Rocha, diretora clínica do Centro Hospitalar de Leiria, reforçando a necessidade de usar corretamente os serviços hospitalares, prevenindo assim os contágios e o agravamento de situações mais simples, e facilitando o funcionamento destes serviços no atendimento aos casos urgentes.

«Numa altura em que se verifica um pico de prevalência da gripe, é importante reforçar os alertas, e recordar os circuitos de atendimento dos doentes, apoiando-os na tomada de decisão quando precisam de ser vistos por um profissional de saúde», explica a diretora clínica.

Os utentes devem dirigir-se às urgências hospitalares apenas em situações previsivelmente graves, ou em que a demora de diagnóstico e/ou tratamento possa acarretar graves riscos para a saúde. O hospital tem por missão prestar cuidados de saúde diferenciados, em articulação com os centros de saúde, pelo que não é correto recorrer à urgência diretamente, sem antes procurar apoio de outros serviços de saúde.

Por outro lado, é fundamental, agora ainda de forma mais significativa, que haja racionalidade e prudência no recurso às urgências hospitalares. «Recorrer às urgências em situações não urgentes constitui, por si só, um risco elevado», alerta Maria do Carmo Rocha, explicando que, «se por um lado se está a promover a acumulação de pessoas nos serviços e a impedir o seu bom funcionamento, os utentes não urgentes que vão à urgência ficam expostos a doenças, como as gripes, por exemplo, correndo o risco de ser contagiados».

Assim, nos serviços de urgência, terão prioridade as emergências, ou seja, situações em que a vida do utente corra perigo (acidentes significativos, intoxicação, convulsões, etc.), as doenças súbitas (dor aguda, grande traumatismo, hemorragias, queimaduras, etc.), e os doentes referenciados (portadores de carta com pedido de observação efetuado pelo médico de família/assistente).

Se não souber como deve proceder, o utente deve, antes de sair de casa contactar, por telefone, a Linha Saúde 24 através do número 808 24 24 24, para se aconselhar antes de se deslocar à urgência do hospital – se for necessário, o utente será devidamente encaminhado. Se precisar de ser visto por um profissional de saúde, o utente deve dirigir-se em primeiro lugar ao seu médico de família, no centro de saúde, ou ao seu médico assistente; caso não tenha sido possível ser observado pelo seu médico, deve recorrer à Consulta Aberta do seu centro de saúde, ou ao Serviço de Atendimento Prolongado (SAP).

No que respeita à utilização do serviço de urgência hospitalar, devem ser tomados igualmente alguns cuidados, nomeadamente evitar grandes aglomerados de pessoas nas salas de espera; promover o silêncio, conversando o menos possível; no caso de apresentar tosse ou espirros, use um lenço ou toalhete de papel para tapar a boca e o nariz, colocando-o de imediato no lixo, e lavando em seguida as mãos. No caso das crianças, recomenda-se os mesmos procedimentos, reforçando a atenção dos pais para o risco de contaminação das mãos dos seus filhos, evitando que eles gatinhem.

No seu microsite sobre a gripe, a DGS informa que, no adulto, esta doença manifesta-se pelo início súbito de mal-estar, febre alta, dores musculares e arti¬culares, dores de cabeça e tosse seca, podendo também ocorrer inflamação dos olhos. Nas crianças, os sintomas dependem da idade: nos bebés, a febre e prostração são as manifes¬tações mais comuns, e os sintomas gastrintesti¬nais (náuseas, vómitos, diarreia) e respiratórios (laringite, bronquiolite) são também frequentes; a otite média pode ser uma complicação frequente no grupo etário até aos três anos; e na criança maior os sintomas são seme¬lhantes aos do adulto.

Para os utentes que estejam doentes, é importante que permaneçam em casa, em repouso, não se agasalhem demasiado, e bebam muitos líquidos, como água e sumos de fruta. Se viverem sozinhos, especialmente se forem idosos, devem pedir a alguém que lhes telefone regular¬mente para saber como estão. É importante medir a temperatura ao longo do dia, e em caso de febre, podem tomar paracetamol, tendo em atenção que as grávidas ou mulheres a amamentar não devem tomar medicamentos sem falar com o seu médico. O soro fisiológico é uma boa ajuda para a obstrução nasal, e, acima de tudo, não tomar antibióticos sem recomendação médica – estes não atuam nas infeções virais, não melhoram os sintomas, nem aceleram a cura.

O CHL recorda que a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) está disponível para esclarecer as dúvidas dos utentes, e encaminhá-los se necessário, 24 horas por dia, todos os dias.

13/01/2015