CHLP coloca com sucesso primeiros implantes auditivos osteointegrados

HSA já aplica técnica inovadora em doentes adultos de ORL
 
O Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar Leiria-Pombal (CHLP) colocou com sucesso os primeiros implantes auditivos osteointegrados (BAHA – Bone Anchored Hearing Aid) em pacientes com problemas graves de audição. Adicionalmente, o CHLP instalou o hardware e software que permitem programar no hospital de Leiria estes implantes, sem necessidade dos doentes se dirigirem a outro local, e que já foi usado com sucesso em seis doentes.

Paulo Enes, diretor do Serviço de Otorrinolaringologia do CHLP, refere que «esta é uma técnica de baixo risco cirúrgico, usada em vários países desde há alguns anos, com a recuperação da audição pelo indivíduo surdo a quem é aplicada».

A utilização do sistema Baha está indicado nos doentes que requerem amplificação auditiva, com algumas condições específicas, por exemplo otológicas: supuração crónica do ouvido não possibilitando o uso de uma prótese por via aérea; doentes com surdez unilateral combinada com hipoacusia de transmissão contra lateral devido a doença ossicular; otosclerose, em doentes que não podem ou não querem ser operados, ou usar próteses convencionais; exostoses (crescimento anormal do osso); surdez neurossensorial unilateral; malformação congénita do ouvido médio e/ou externo; na pediatria, o Síndrome de Usher, Síndrome de Treacher-Collins; Síndrome de Goldenhar, e Síndrome de Down (nos casos em que a adaptação de uma prótese auditiva é dificultada pela estenose do canal auditivo).

A utilização do sistema Baha está indicada nos doentes que requerem amplificação auditiva e requer que se preenchem determinadas condições. No que respeita às condições audiológicas, são indicados doentes com hipoacusia de transmissão ou mista; hipoacusia unilateral; discriminação vocal igual ou superior a 60%. As indicações psicossociais prendem-se com as capacidades psicológicas, físicas, emocionais e de desenvolvimento do doente para manter uma correta higiene e o bom funcionamento do sistema; e as condicionantes anatómicas e biológicas dizem respeito ao volume e à qualidade do osso que vai servir de ancoragem ao implante, que devem ser suficientes para implantar com êxito o mesmo.

«Cerca de um mês e meio depois de colocados os primeiros dois implantes, fizemos a programação dos implantes e os doentes ficaram absolutamente radiantes», conta Paulo Enes, «eram pacientes com uma surdez relevante do ponto de vista social e laboral e que agora podem fazer a sua vida normal, sem limitações devido à surdez». O Baha pode ser usado em qualquer situação da vida diária do utente, exceto enquanto dorme, toma banho ou pratica alguns desportos.

«O seguimento que damos aos nossos doentes através da programação e manutenção dos equipamentos aqui no Hospital de Santo André, pela técnica de Audiologia do Serviço, com treino específico na programação deste tipo de implantes, é uma grande mais-valia», explica Paulo Enes. «É um investimento do CHLP que visa, essencialmente, simplificar a vida aos doentes, evitando que tenham que se deslocar a outros locais, vindo à consulta de Implantes Auditivos, e sendo ainda uma possibilidade de alargar os cuidados que podemos proporcionar aos nossos utentes, acompanhando-os desde o diagnóstico, ao tratamento e à manutenção».

Os implantes auditivos osteointegrados têm um componente interno implantado cirurgicamente na mastóide e um componente externo removível que encaixa no componente implantado. O componente interno (implante) transmite diretamente ao ouvido interno o sinal acústico processado e enviado do componente externo.

Foram colocados seis implantes com esta mesma técnica no HSA, sendo que os utentes regressam cerca de um mês e meio depois da cirurgia para a respetiva programação, e estão programados mais oito implantes Baha. Em breve o Hospital de Santo André passará a usar uma outra técnica, mais complexa, que permitirá tratar casos mais graves de surdez, como a surdez neurosensorial.

20 de julho de 2012