Centro Hospitalar de Leiria tem programa de reabilitação para doentes cardíacos

Programa de 12 semanas quer melhorar a qualidade de vida dos utentes

O Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Leiria, em articulação com o Serviço de Medicina Física e Reabilitação, tem já em funcionamento o Programa de Reabilitação Cardíaca para melhorar a vida dos utentes com doença coronária. Após meses de preparação, envolvendo os dois serviços e equipas alargadas de profissionais, o CHL colocou em prática este projeto a 19 de setembro com o objetivo de contribuir para a correção de estilos de vida, e controlar os fatores de risco dos doentes.
 
O programa tem duração de 12 semanas para cada doente e inclui duas fases, a primeira a desenvolver durante o internamento após enfarte do miocárdio, e a segunda a decorrer no primeiro mês pós alta. Este projeto envolve uma abordagem estruturada e multidisciplinar que inclui um programa bissemanal de treino físico, associado a sessões educativas e de apoio psicológico, podendo ainda envolver, de acordo com as doenças associadas ou fatores de risco do utente, as consultas de Nutrição, Psiquiatria, Endocrinologia, Urologia e desabituação tabágica.
 
João Morais, diretor do Serviço de Cardiologia, destaca a pertinência do programa com a incapacidade que as doenças cardiovasculares deixam nos doentes: «são uma importante causa de incapacidade prematura, e têm elevada expressão em anos de vida perdidos, e em anos de vida saudável perdidos, com grande impacto socioeconómico – com gastos em tratamentos, reabilitação e apoio social». «Os estudos têm demonstrado que uma abordagem pluridisciplinar estruturada nestes doentes, com correção do estilo de vida, controlo adequado dos fatores de risco e doenças associados, e com a otimização terapêutica, pode diminuir a mortalidade em 30%, reduzindo enormemente os gastos associados a esta patologia».
 
O programa, que é o primeiro nos cinco distritos que compõem a zona centro do País, está já disponível para doentes após síndrome coronária aguda, «permitindo-lhes atingir as melhores condições físicas, psíquicas e sociais, para preservar ou melhorar a sua funcionalidade na sociedade». A importância deste tipo de projeto, que o CHL tem em funcionamento desde o dia 19 deste mês, foi reconhecida pelo Ministério da Saúde, que publicou hoje em Diário da República, 29 de setembro, data em que se assinala o Dia do Coração, a criação de um grupo de trabalho a nível nacional para o desenvolvimento de projetos-piloto no âmbito da reabilitação cardíaca.
 
As doenças cardiovasculares constituem, na sua globalidade, a principal causa de morte e incapacidade nos países desenvolvidos. Em Portugal, são responsáveis por mais de um terço da mortalidade. «Apesar da incidência das doenças cardiovasculares, os programas de reabilitação cardíaca são ainda uma realidade pouco expressiva em Portugal, embora essenciais, dando seguimento a apenas 8% dos doentes elegíveis para reabilitação, e é por isso que achamos que este é um passo decisivo para que o CHL continue a prestar um serviço de qualidade aos seus utentes, ao nível do que melhor se faz no mundo», adianta João Morais.
 
Helder Roque, presidente do Conselho de Administração do CHL, realça o «trabalho desenvolvido pelas equipas envolvidas, cujo foco é a melhoria e o alargamento dos cuidados aos doentes, especialmente numa área que tanto afeta a população», acrescentando que «a implementação deste Programa é uma mais-valia significativa para os utentes, e espelha a crescente diferenciação dos cuidados prestados pelo Centro Hospitalar».
 
O Programa de Reabilitação Cardíaca do CHL envolve uma equipa fixa de oito profissionais de Cardiologia e de Medicina Física e de Reabilitação.

29 de setembro de 2017