Centro Hospitalar de Leiria realiza cirurgia pioneira no País na patologia da mão

O Serviço de Ortopedia I do Centro Hospitalar de Leiria realizou recentemente «uma cirurgia pioneira no País, com a implementação de uma prótese semi-constritiva, localizada ao nível do punho», revela Edgar Rebelo, cirurgião do Serviço de Ortopedia I do CHL. Este implante inovador permite a restauração da função da articulação rádio-cubital distal (ARCD) na sua totalidade, e o doente beneficia de uma diminuição da dor e a melhoria da mobilidade.

«A ARCD está localizada ao nível do punho e é de extrema importância para o normal funcionamento do membro superior pelo seu contributo para a mobilidade, para a manutenção da força normal de preensão, e pela capacidade de suportar e elevar pesos na mão», explica Edgar Rebelo. «Este tipo de cirurgia permite minimizar a dor e facilita a mobilidade, resolvendo igualmente a incapacidade em elevar pesos, algo que as técnicas cirúrgicas prévias não solucionavam», ressalva.

O doente de sexo masculino, de 42 anos, proposto para esta primeira cirurgia no CHL, estava incapaz de realizar a sua atividade profissional desde há cerca de dois anos. Com uma artrose pós-traumática da articulação rádio-cubital distal, muito sintomática, o doente apresentava uma diminuição da força de preensão e impossibilidade completa de suportar pesos superiores a um quilo.

Esta prótese está indicada em doentes com artropatias inflamatórias, degenerativas ou pós-traumáticas da ARCD, que possam inclusive já ter sido sujeitos a tratamentos cirúrgicos prévios sem sucesso. Esta cirurgia pode também ser indicada no contexto de patologia, tumores ou anomalias congénitas.

«Os benefícios desta cirurgia são muito grandes, já que permite o retorno à atividade profissional de um doente jovem e ativo com inequívocos benefícios laborais, sociais e pessoais», refere Edgar Rebelo. «Com a realização destas técnicas poderemos tornar-nos no futuro num centro de referenciação para outros hospitais na área da Ortopedia, o que nos permitiria também receber médicos internos de especialidade em formação, trazendo ainda mais prestígio ao Serviço e ao CHL».

A equipa que realizou este procedimento era composta pelo cirurgião Edgar Rebelo e a anestesiologista Andreia Mafra, ambos do CHL, com o apoio do cirurgião espanhol Garcia de Lucas, antigo presidente da Sociedade Espanhola da Cirurgia da Mão. «A parceria com profissionais de saúde internacionais em cirurgias desta área tem um carácter institucional muito relevante, para uma partilha de conhecimentos técnicos e médicos que nos permitam adotar com sucesso alguns procedimentos na prática clínica diária do CHL», refere Helder Roque, presidente do Conselho de Administração do centro hospitalar.

«A população abrangida pela área de referência do CHL, aliada ao facto de ser uma zona muito industrializada, faz com que o volume de doentes com patologia da mão seja muito alto, e isso exige-nos uma resposta quantitativa e qualitativa atempada», destaca José Mousinho, diretor do Serviço de Ortopedia I do CHL, acrescentando que «temos conseguido ao longo dos últimos anos tratar todos os doentes com patologia da mão, quer no contexto de traumatologia de urgência, quer no contexto de patologia ortopédica», acrescenta

Atualmente no Serviço de Ortopedia I do CHL realizam-se todas as técnicas cirúrgicas para retalhos de cobertura de lesões cutâneas graves, técnicas de reconstrução tendinosa, reconstrução nervosa, fixação de fraturas, e cirurgias para tratamento de sequelas a nível de punho e mão. Efetuam-se ainda técnicas minimamente invasivas e artroscopia de pequenas articulações – como a artroscopia do punho e a artroscopia do cotovelo.