As emoções e a liderança

As emoções e a liderança - uma reflexão

Todos os dias ou quase, somos confrontados com situações inesperadas, modos de pensar por vezes incompreensíveis e formas de agir incongruentes e desconectadas; tenho dado conta que emerge cada vez mais uma emoção que vai sendo cada vez mais dominante no nosso quotidiano: a ansiedade.
 
Esta ansiedade é um reflexo, um indicador da Era pós-modernidade. Como enfermeiros, sentimos um desgaste emocional, aliado ao desgaste físico criado pela crescente insegurança relativamente a um futuro cada vez menos previsível e promissor, e isto no nosso dia a dia familiar afeta seriamente a nossa qualidade de vida, quer em casa como no local de trabalho. Este sentimento de insegurança debilita o próprio indivíduo e subsequentemente a sua produtividade, é necessário e imperativo haver uma capacidade crescente nas equipas de novas descobertas que acrescentem realmente valor à vida das pessoas.
 
Os líderes com capacidades de responder aos desafios assumem a nobre missão de responder aos desafios e de liderarem iniciativas de modo a agregar esforços e a estabelecer redes de cooperação entre os elementos das equipas e as diferentes equipas multidisciplinares. Liderar para inovar, apelar à criatividade do coletivo, criar compromissos com as suas possíveis consequências e efeitos práticos.
 
É importante produzir ideias e depois saber o que fazer com elas, é por isso que num seio de uma equipa tão vasta de enfermeiros temos aqueles de quem se diz que são muito criativos, embora não se comprometam com ações concretas para pôr as ideias em prática, e por sua vez os mais inovadores que são aqueles cujas mentes criativas têm a capacidade e a disciplina de criar e transformar as ideias em soluções concretas e realizáveis. Quando um líder valoriza a capacidade de cada um dos elementos da sua equipa, está a facilitar a via da produção de algo em grupo.
 
É importante que cada um demonstre também ser capaz de colocar o interesse das equipas e do grupo acima dos interesses pessoais. Isto é essencial para fomentar um espírito de sinergia entre todos os profissionais. É igualmente importante que demonstrem na prática esse sentido de responsabilidade, de responder assertivamente às solicitações e aos novos desafios; sejam íntegros no que dizem e praticam, demonstrem pela prática que gostam verdadeiramente do que fazem e que contagiem a restante equipa com essa química. Deverão ter também a capacidade de incentivar fortemente os colegas para o espírito de interajuda de relação e de cooperação, sobrepondo o interesse do coletivo ao interesse individual. 
 
Assim, se uma equipa conseguir construir ela própria um ambiente de trabalho saudável e agradável, o papel do enfermeiro gestor e a sua liderança fica evidentemente facilitada. As relações entre o líder e a equipa devem revestir-se de humanidade, e devem solidificar um ambiente de trabalho saudável, e isso exige, obviamente, muita habilidade e uma grande inteligência emocional. Saber ouvir e observar os comportamentos individuais, saber aceitar sugestões que possam elevar o rendimento do trabalho de uma equipa, reconhecer as competências/habilidades técnicas de cada colega, saber usar o que cada um tem de melhor em si.
 
O objetivo principal na liderança é que toda a equipa esteja envolvida e tenha um bom desempenho coletivo. Em equipas numerosas como a nossa no Bloco Operatório é, na maioria das vezes, difícil, mas cabe ao enfermeiro gestor assumir a responsabilidade de liderar e criar as condições propícias para que cada enfermeiro consiga ser ele próprio e se conheça a si mesmo, porque é aí dentro de cada ser, de cada um, que reside, embora por vezes escondidos, uma boa parte dos recursos pessoais de cada um.


Artigo elaborado por:
Maria José Castro Cadima
Enfermeira Especialista no Bloco Operatório