Marta Temido inaugura Unidade de Internamento de Cuidados Paliativos

«O Serviço Nacional de Saúde não dá só resposta a nascimentos, a curas, responde também a momentos em que a vida termina»

«O Serviço Nacional de Saúde não dá só resposta a nascimentos, a curas, responde também a momentos em que a vida termina, e aquilo que queremos que aconteça é que esse momento seja vivido com dignidade, com humanismo, com conforto, porque a vida é tudo isto, e nós cá falamos de vida e a morte também faz parte da vida» afirmou Marta Temido, ministra da Saúde, na cerimónia de inauguração da Unidade de Internamento de Cuidados Paliativos (UICP) no Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (HABLO), unidade do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), que decorreu hoje, dia 19 de março. 

«Os Cuidados Paliativos em Portugal têm ainda muito caminho para fazer. Hoje deram mais um passo. Mostraram-nos essa capacidade de acreditar, de fazer as coisas acontecer, e de tratarem cada pessoa como uma pessoa, independentemente da sua condição e de estarem presentes de uma forma extraordinariamente humana, que foi aqui visível. Peço-vos que continuem a fazer este magnífico trabalho, numa casa que ficou lindíssima, e que de alguma forma, é uma homenagem também àquilo que são os momentos difíceis que aqui se passam», enfatizou a ministra da Saúde.

Marta Temido destacou ainda a celebração do protocolo entre o CHL e o INEM, que preconiza a atividade de uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV), que teve início no dia 15 de março, e dirigiu uma palavra a esta equipa do HABLO de encorajamento, de agradecimento e de sorte para as suas missões e para o seu trabalho. A ministra salientou ainda a reconfiguração do hospital de Alcobaça, com a aposta nas várias vertentes de resposta assistencial, que mostram a vitalidade da instituição. 

Marta Temido terminou o seu discurso com uma palavra especial para todos os colaboradores do CHL, que seguiam a cerimónia via online, «para que continuem a trabalhar, agora com esta unidade de Cuidados Paliativos, que também vai dar resposta a todo o distrito, pois é a primeira unidade de internamento do distrito. Esperamos que a articulação com a equipa de Cuidados Paliativos seja mais reforçada e que a equipa comunitária de suporte em Cuidados Paliativos possa acontecer».

Catarina Faria, diretora do Serviço de Cuidados Paliativos, apresentou o seu serviço, constituído por uma equipa de profissionais multidisciplinar, com formação específica na área de Cuidados Paliativos. A diretora manifestou o objetivo de que o Serviço venha a ser uma referência para o CHL e para a Região Centro dentro de um ano, e a nível nacional no prazo de dois anos. Catarina Faria centrou também a sua comunicação nos doentes e nas suas famílias, com a partilha de algumas histórias reais, que demonstram a humanização dos cuidados prestados.

Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração (CA) do CHL, referiu que a UICP «é um serviço extremamente importante, preenchendo uma lacuna assistencial que o SNS tinha nesta região e neste distrito, e que muito significa para a constante e contínua diferenciação que o CHL desenvolve e procura alcançar». «Com este novo Serviço vamos conferir acrescida dignidade assistencial a doentes altamente vulneráveis, que passam a ter uma assistência multidisciplinar com elevada preparação técnica e grande sensibilidade para a humanização dos cuidados, assegurando aos doentes “vida até ao fim”.»

O presidente do CA do CHL enumerou ainda vários outros investimentos realizados no HABLO, que já totalizaram o valor de 2,450 milhões de euros desde 2013, data da integração do HABLO no CHL. «Estes investimentos não foram um fim em si mesmos, foram função para o desenvolvimento de novas atividades assistenciais, e da garantia das condições de trabalho aos profissionais e de assistência aos doentes, recordando que este hospital, como todo o CHL, se encontra acreditado pela JCI.»

Licínio de Carvalho destacou ainda outros investimentos concretizados no Hospital de Santo André, em Leiria, e no Hospital Distrital de Pombal, e que, só em 2020, e apesar do contexto pandémico, foi investido o total de 3,8 milhões de euros no desenvolvimento de muitos projetos em vários Serviços, e criados novos Serviços. «Temos vários projetos pela frente. O nosso plano de investimentos para 2021 tem uma previsão de 8 milhões de euros e para o triénio 2021/2023 o montante de 24 milhões de euros.» Licínio de Carvalho terminou sublinhando que «a senhora ministra da Saúde contará sempre com a disponibilidade, com a dedicação e com o esforço de todos os profissionais do CHL para dignificarmos as responsabilidades que temos».

Paulo Inácio, presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, agradeceu ao Conselho de Administração do CHL «o investimento realizado neste hospital já há um bom par de anos. Foi o reencontro com o hospital de Leiria que fez com que houvesse uma subida substancial dos Serviços. Quero dar testemunho que os especialistas que aqui trabalham diariamente são de uma dedicação extrema, e o que ouço da população é de excelência relativamente a essa dedicação e a esse trabalho». 

«Olhando para a rede hospitalar, cada vez mais a aposta também ao domicílio, quer dos cuidados de saúde primários, quer também dos cuidados paliativos. O tratamento domiciliário é muito importante para todo o sistema funcionar, e funcionar com a excelência que os nossos cidadãos merecem», frisou Paulo Inácio. O presidente do município de Alcobaça deixou ainda uma palavra de agradecimento e de coragem no âmbito da pandemia. «Perante tamanha dificuldade histórica, encontrámos homens e mulheres heroicos à frente. É preciso combatermos com coragem agora, independentemente de todas as insatisfações».

A nova UICP, que abriu as suas portas no dia 15 de março, conta com 12 camas, distribuídas por 10 quartos, espaços de trabalho para os profissionais, sala de tratamentos, zona de limpos e sujos, refeitório e sala de convívio e de atividades. O projeto de criação da UICP no CHL teve um investimento de cerca de 680 mil euros, cofinanciado em 156.825 mil euros no âmbito do Programa Portugal 2020, e em 75 mil euros pela Câmara Municipal de Alcobaça.