CHLP demonstra que reforço nutricional de doentes em risco melhora tratamento e recuperação

Trabalho reconhecido no Congresso da Associação de Nutrição Entérica e Parentérica

 

Raquel Oliveira, dietista na Unidade de Nutrição e Dietética do Hospital de Santo André (HSA), unidade de Leiria do Centro Hospitalar Leiria-Pombal (CHLP), realizou um estudo que mostra que o acompanhamento e reforço nutricional dos doentes em risco de desnutrição melhora o seu tratamento e a sua recuperação. Esta investigação foi aplicada a um grupo de doentes internados no Serviço de Medicina I do HSA, e permitiu desenvolver uma estratégia de acompanhamento dos doentes que apresentem risco de desnutrição elevado, tendo sido reconhecido no XV Congresso Anual da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica com o XII Prémio Fresenius Kabi de Nutrição Clínica, pelo seu impacto no tratamento dos doentes.

 

«A desnutrição associada à doença (DAD) na admissão hospitalar representa um grave problema de saúde pública com prevalência de 20 a 50%», explica Raquel Oliveira, sendo que «a sua deteção precoce pode ser decisiva para o prognóstico do doente». O estudo foi realizado comparando dois grupos distintos de indivíduos: o grupo de controlo, constituído por doentes que foram sujeitos a avaliação do estado nutricional e suporte nutricional padrão; e o grupo de intervenção, constituído por doentes que foram sujeitos a avaliação do estado nutricional e a uma intervenção nutricional precoce e personalizada.

 

Foram avaliados cerca de 100 doentes em cada um dos grupos, na casa dos 70 anos de idade, e ambos apresentavam, no início do internamento, 55% de taxa de risco de desnutrição. No final do internamento o número de doentes em risco de desnutrição aumentou no grupo de controlo para 78%, e diminuiu no grupo de intervenção para 46,5%, significando que «uma intervenção nutricional precoce e personalizada se traduziu, efetivamente, em melhorias no risco de desnutrição». Nestes casos foi reforçada a componente proteica da dieta, com alimentos simples e ricos como as gelatinas, iogurtes, etc., que têm efeitos práticos muito benéficos.

 

Este controlo do estado nutricional do doente, principalmente se se tratar de utentes mais idosos, deve ser feito permanentemente, mesmo quando este se encontra aos cuidados da família ou de outros cuidadores. «Há fatores que se devem ter em conta, e que são determinantes: analisar a ingestão alimentar e verificar se existe alguma diminuição, vigiar o peso – quando se trata de doentes acamados, há que ter atenção a pequenos sinais, como o relógio mais largo no pulso, a roupa mais larga, etc. –, e neste caso é importante falar com um profissional de saúde, como o médico de família, ou um profissional de nutrição e dietética», explica Raquel Oliveira.

 

Renato Saraiva, diretor do Serviço de Medicina I, concorda com a importância de uma nutrição adequada para uma melhor recuperação do doente, sendo «uma componente fundamental da terapêutica, e que a Joint Comission International, a instituição internacional que avalia a qualidade das unidades de saúde, considera uma variável básica no tratamento dos utentes». «Uma dieta rica em proteínas traz inúmeros benefícios, como o transporte dos antibióticos, a melhor cicatrização, a recuperação da pele, etc.», salienta o médico especialista.

 

«Este estudo serviu, acima de tudo, para deixar todos os profissionais do serviço mais alerta para estas situações», explica Renato Saraiva, para procedimentos que se pretende que possam ser diários, acompanhando os doentes com necessidades especiais com programas específicos. Como salienta Raquel Oliveira, «procuramos dar resposta a todos os casos que nos são referenciados pelos serviços, no entanto o mais pertinente será a prevenção» alertando, «por um lado os nossos profissionais, e, por outro lado, os familiares e cuidadores, para que possam prevenir e/ou detetar com mais facilidade estas situações, possibilitando uma resposta mais rápida e efetiva».

 

Leiria, 21 de junho de 2013