CHL inicia implantação de desfibrilhadores e ressincronizadores cardíacos

Dispositivos representam um investimento de mais de um milhão de euros

O Centro Hospitalar de Leiria iniciou esta semana a implantação de desfibrilhadores e ressincronizadores cardíacos no Serviço de Cardiologia. «Demos início a uma técnica que envolve duas áreas: a dos desfibrilhadores, para a prevenção da morte súbita; e a dos ressincronizadores cardíacos, para a terapêutica da insuficiência cardíaca. Estamos a falar de doentes de altíssimo risco, que podem ter 20 ou 80 anos», explica João Morais, diretor do Serviço de Cardiologia do CHL. «Este investimento significa mais um grande passo na diferenciação do Serviço de Cardiologia, que tem vindo a crescer. A nossa estimativa é de tratar cerca de 100 doentes por ano, o que representa mais de um milhão de euros, só em dispositivos, e significa quase que duplicar o orçamento do Serviço.»
 
Ambos os sistemas são aparelhos semelhantes a pacemakers mas com funções adicionais e com indicações muito precisas. O desfibrilhador é um sistema que permite evitar a morte súbita. Monitoriza o coração durante 24 horas por dia, fazendo o diagnóstico e permitindo o tratamento imediato de arritmias potencialmente fatais. Estas arritmias quando ocorrem são prontamente tratadas através de algoritmos específicos e se não resultarem é efetuada a aplicação de um choque elétrico no interior do coração. Tudo isto sem intervenção humana, apenas de forma automática através do dispositivo.
 
O ressincronizador cardíaco permite otimizar a contração cardíaca através da estimulação síncrona dos dois ventrículos. Em muitos casos estes dois aparelhos estão acoplados num só, uma vez que os doentes com insuficiência cardíaca têm, muitos deles, uma elevada probabilidade de morrer subitamente devida a arritmias letais.
 
«Esta nova técnica é muito importante para o nosso centro hospitalar, quer na prevenção da morte súbita (especialmente em doentes pós-enfarte, doentes com insuficiência cardíaca, doentes com síndromes arrítmicos primários), quer na melhoria das queixas de insuficiência cardíaca. Qualquer faixa etária pode precisar de um dispositivo desta dimensão», destaca Hélia Martins, coordenadora da equipa que implanta os novos dispositivos e médica aritmologista do CHL. «O implante de um ressincronizador é uma atividade mais complexa, uma vez que implica a intervenção nos dois ventrículos cardíacos e poderá demorar várias horas. O implante de um desfibrilhador, apesar de ser uma atividade minuciosa, é mais simples e de menor duração.»
 
Para a implantação destes dispositivos, o Serviço de Cardiologia conta com uma equipa composta por um enfermeiro, um técnico de cardiopneumologia, um técnico de radiologia e um ou dois médicos. «Quem também está connosco nas implantações são técnicos das próprias companhias que desenvolvem e vendem estes dispositivos. É quase impossível que a equipa local seja capaz de abarcar toda a tecnologia que está subjacente a estes dispositivos que têm múltiplas funções», refere João Morais. «Neste primeiro dia, contámos ainda com o apoio do Dr. Luís Elvas, médico cardiologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), uma das pessoas com maior experiência em Portugal neste tipo de técnica, e que tem vindo a formar os nossos profissionais.»
 
Os benefícios para os doentes são claros para Hélia Martins. «Até aqui os nossos doentes eram transferidos para o CHUC, com todos os custos e tempos de espera associados. Realizando nós este tipo de procedimentos no CHL vamos conseguir dar muito melhor resposta, em termos de tempo, de lista de espera para implante, e com isso ganhamos tempo também para a prevenção de morte súbita e a melhoria de insuficiência cardíaca. É importante chamar a atenção que estes doentes não podem esperar, já que depois de identificados a janela temporal para os tratar é muito curta. Além disso, poupamos todos os custos associados ao transporte dos doentes e todas as comorbilidades daí decorrentes.» A médica do CHL não esconde a sua satisfação ao expressar que «hoje é um dia muito importante e feliz para mim por poder avançar com esta técnica, porque gostamos de tratar da melhor forma todos os doentes».
 
Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL, também salienta que «esta é uma grande conquista para o nosso centro hospitalar, que pugna pela contínua diferenciação, inovação e eficiência dos seus Serviços e dos cuidados de saúde que são prestados aos nossos utentes. Foi um projeto ambicioso da Cardiologia, sobretudo ao nível financeiro, que conseguimos concretizar e que vai representar salvar mais vidas, apostando na prevenção de episódios súbitos e fatais, com uma terapêutica tecnológica e complexa, mas eficaz.» 
 
Em breve, o Serviço de Cardiologia vai abrir uma consulta de seguimento para os seus doentes que implantaram estes dispositivos cardíacos noutros hospitais, e desde já vai iniciar a telemonitorização destes doentes, permitindo acompanhá-los sem que eles tenham de se deslocar ao hospital. Esta é mais uma facilidade que estes novos equipamentos dispõem, permitindo que o doente esteja permanentemente a ser vigiado e o centro que o acompanha seja alertado para algo que de errado possa estar a acontecer.
 
29 de julho de 2022.