CHL e Politécnico de Leiria desenvolvem investigação com Prova de Esforço Cardiopulmonar

Colaboração visa a multidisciplinaridade nas áreas cardíaca e respiratória
O Centro Hospitalar de Leiria e o Politécnico de Leiria formalizaram, no dia 21 de dezembro, um protocolo de colaboração para investigação e desenvolvimento, através da utilização conjunta de um equipamento de Prova de Esforço Cardiopulmonar (CPET). Este equipamento do Politécnico de Leiria está instalado no Serviço de Pneumologia do Hospital de Santo André (HSA), em Leiria.
 
O equipamento será usado conjuntamente pelo CHL e pelo Politécnico de Leiria, com a coordenação dos gestores de ambas as entidades, que vão garantir a gestão operacional do protocolo. O Politécnico de Leiria tem um profissional legalmente habilitado, que está afeto à utilização do equipamento de CPET e à investigação no âmbito dos projetos de I&D desenvolvidos pelas duas instituições. Já o CHL tem uma equipa multidisciplinar com competência específica em área clínica relacionada com os projetos de investigação.
 
Para garantir a segurança dos utentes no âmbito das atividades de I&D desenvolvidas conjuntamente entre o Politécnico de Leiria e o CHL, o CHL assegurará a realização dos atos médicos e exames necessários para a realização da Prova de Esforço Cardiopulmonar, no âmbito da atividade específica de I&D, de acordo com as Boas Práticas Clínicas e nos termos da legislação em vigor. As duas instituições podem assim partilhar conhecimento e competências técnico-científicas na área de CPET entre os seus profissionais para o desenvolvimento de projetos de investigação, na formação graduada e pós-graduada de estudantes e profissionais, e na assistência aos doentes.
 
A sessão protocolar decorreu no auditório do HSA, e juntou vários representantes das duas entidades. Salvato Feijó, diretor clínico do CHL, revelou que «esta conjuntura e aproximação das duas grandes instituições da região de Leiria, que é o Politécnico e o CHL, ‘chapelando’ o tecido industrial desta região que é fortíssimo, parece-me que são um acrescento de valor. É uma possibilidade deste hospital dar um passo em frente para uma atividade do desenvolvimento, da investigação, formação e capacidade de atrair outras pessoas para os nossos projetos».
 
«Este é mais um marco importante para a história do Politécnico de Leiria e do CHL. É um dia importante, onde as relações se estreitam. Hoje temos mais um serviço inovador e que será relevante em termos clínicos. A Prova de Esforço Cardiopulmonar já é uma realidade a nível internacional em muitos centros para prestar serviço de maior qualidade e para fazer investigação também nesta área da reabilitação respiratória e cardíaca, mas há também um vasto leque de aplicações deste equipamento», salientou Joana Cruz, docente e investigadora do ciTechCare.
 
João Machado, médico pneumologista do CHL, revelou que «a prova de esforço cardiopulmonar é um exame extraordinariamente rico, como aquilo que são os dados que nos consegue dar na avaliação de doentes respiratórios e cardíacos, e permitirá um sem número de projetos, alguns deles já em curso, e que beneficiam desse conhecimento acrescido. Outros que se poderão desenvolver ao longo do tempo, e que serão certamente muito enriquecedores, não só para nós enquanto académicos e clínicos no ganho de conhecimento científico, mas também, e esse será o nosso objetivo final, melhor tratarmos os nossos doentes e melhor servirmos a população que cobre este centro hospitalar».
 
O médico cardiologista Alexandre Antunes afirmou que «são inúmeras as potenciais aplicações da Prova de Esforço Cardiopulmonar, mais especificamente no que respeita à cardiologia, a insuficiência cardíaca. Em doentes que já tenham diagnóstico de insuficiência cardíaca também é muito importante porque permite, não só uma estratificação de risco, de risco de morte ou hospitalização, mas também estabelecer uma terapêutica muito mais otimizada, prescrever exercício, que é tão importante nestes doentes, de forma mais otimizada e mais correta, e em segurança». O cardiologista acrescentou ainda que «a Prova de Esforço Cardiopulmonar, com a determinação de todos os parâmetros, permite com rigor prescrever exercício a um atleta de competição para que ele possa de facto ter o seu mais alto nível. Com a Prova abrem-se novas oportunidades, não só para uma avaliação mais integrada da patologia cardiorrespiratória, e também para a não menos importante componente académica da investigação».
 
Maria Guarino, coordenadora do ciTechCare, sublinhou que «a academia está ao serviço da sociedade.  No Politécnico de Leiria é esta a nossa realidade. Nós queremos continuar a investigar, a pensar para fazer melhor, mas sempre em colaboração com quem está a intervir diretamente com os cidadãos e com os nossos colegas de trabalho». E assegurou que «o que podem encontrar da nossa parte é motivação, disponibilidade, rigor científico, e aqui a ideia é nós conseguirmos partilhar convosco as ferramentas que temos para dar evidência científica às observações que vão vendo e para as quais podemos contribuir utilizando a metodologia científica e o nosso conhecimento, para criar melhores serviços para os cidadãos».
 
«Este protocolo traduz-se na disponibilização de um equipamento, de uma nova técnica, de um novo tipo de terapêutica para os nossos utentes. Isto faz toda a diferença e é um fator motivador para todas as nossas equipas e para toda a estrutura do ciTechCare, do CHL e do Politécnico de Leiria, para continuarmos a desenvolver protocolos e projetos de investigação», constatou Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL. 
 
«Quero deixar um repto ao Politécnico de Leiria, particularmente ao ciTechCare e ao nosso Centro de Investigação: promovermos um encontro anual, onde prestássemos contas e fizéssemos um pequeno relatório do progresso de cada um destes projetos», lançou Licínio de Carvalho. «É importante nós conseguirmos traduzi-los para a prática, para o conhecimento comum, não apenas dos profissionais, mas tanto quanto possível da nossa comunidade, para que realmente as pessoas percebam que, quando o nosso regulamento fala da nossa missão, e um dos tópicos é precisamente a investigação, que não seja um termo sem sentido e sem conteúdo.»
 
O presidente do Politécnico de Leiria, Rui Pedrosa, aceitou o desafio lançado. «Faz todo o sentido marcarmos um dia em que se assinala e partilha junto de toda a comunidade os projetos que estão em curso na área da saúde. É algo que devemos agendar para 2022, e até produzir um caderno de comunicação fácil, para que o cidadão comum desta região perceba o que está a acontecer. Em última análise é por eles que está a acontecer.»
 
Rui Pedrosa destacou que «estamos a fazer algo que é fora da caixa, que não acontece noutros lados. Num equipamento como este, só conseguimos realmente fazer isto com a parceria do centro hospitalar, com os seus clínicos, os seus profissionais de saúde, para garantir as competências de suporte. E aí o CHL abriu-nos esta porta, que tem uma relação bidirecional. O nosso centro de investigação é diferenciador porque tem membros integrados da nossa comunidade académica, mas também membros integrados dos vários serviços do CHL, e este é um grande exemplo desta ideia de ter uma plataforma de inovação em saúde que traz impacto na qualidade de vida das pessoas, em particular dos doentes», rematou o presidente do Politécnico de Leiria.
 
A sessão terminou com uma visita à sala onde está instalado o novo equipamento de Prova de Esforço Cardiopulmonar, no Serviço de Pneumologia.

28 de dezembro de 2021.