Semana Europeia da Urologia 2020

Entre os dias 21 e 25 de setembro assinala-se a Semana da Urologia, uma iniciativa da Associação Europeia de Urologia que tem como objetivo alertar a população para as doenças do foro urológico. 
 
A urologia é uma especialidade médica que investiga, diagnostica e trata as patologias do aparelho urinário, tanto masculino como feminino, e dos órgãos reprodutivos masculinos. As doenças do foro urológico podem ser variadas e, se não forem diagnosticadas e tratadas atempadamente, afetam não só a qualidade de vida do doente, como a dos que o rodeiam. 
 
As doenças urológicas são bastante comuns, habitualmente causam desconforto e, por vezes, podem ser fatais. É importante estar-se informado, pois só assim os indivíduos saberão como agir corretamente. Estas patologias têm uma elevada prevalência nas pessoas idosas. A tendência do envelhecimento da população portuguesa e o aumento da esperança média de vida, principalmente masculino, tornam fundamentais uma maior sensibilização para as patologias do foro urológico e uma adaptação clínica. 
 

 

Disfunção Erétil e a Semana Europeia da Urologia (21 a 25 de setembro) #urologyweek

A iniciativa levada a cabo pela Associação Europeia de Urologia (EAU) procura despertar a curiosidade sobre o que a Urologia realmente é, de modo a iniciar discussões relevantes, compartilhar experiências e quebrar tabus. Neste ano dedicada à disfunção erétil, o Serviço de Urologia do Centro Hospitalar de Leiria junta-se ao movimento, à semelhança de anos anteriores, numa aproximação do corpo clínico ao utente.
 
Em Portugal, até 50% dos homens entre os 40 e os 70 anos apresentam algum grau de disfunção erétil, dos quais apenas 9% procuram tratamento. Encará-la como um tabu, para o próprio dentro da relação ou para o médico de família, torna-a um problema subdiagnosticado e não tratado. No entanto, atualmente existem várias opções terapêuticas disponíveis e eficazes.
 
A disfunção erétil caracteriza-se pela incapacidade persistente (durante pelo menos três meses) em obter ou manter uma ereção peniana, que permita um desempenho sexual satisfatório. A ereção é o resultado de um fenómeno neurovascular que ocorre num ambiente hormonal e psicológico favorável. Desta forma, é necessária a integridade anatómica e funcional de todos os sistemas intervenientes. Associa-se com frequência às doenças cardiovasculares, podendo precedê-las e funcionando como um verdadeiro marcador de risco e oportunidade de intervenção precoce.
 
Embora esta doença fosse anteriormente considerada como tendo causas primariamente psicológicas, sabe-se que resulta quase sempre de uma origem física, como uma doença crónica ou um efeito secundário de um tratamento em curso. Os principais fatores de risco são: obesidade, diabetes mellitus, dislipidémia, hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo, etilismo crónico, medicação (anti-hipertensores, antidepressivos, hormonoterapia no tratamento do cancro da próstata), doenças neurológicas (Parkinson, esclerose múltipla), distúrbios hormonais (testosterona, tiróide), a doença de Peyronie e traumatismos pélvicos.
 
O diagnóstico da disfunção erétil passa pela elaboração de uma história clínica e psicossexual detalhada, acompanhada por um exame físico e um estudo laboratorial e hormonal. Pode ser útil a realização de um eco doppler peniano, uma avaliação neurológica ou provas mais específicas que possam ajudar a detetar alguma anomalia nas estruturas penianas. Uma avaliação psicológica pode ser importante nalguns casos.
 
Na maioria dos casos, é possível tratar eficazmente a disfunção erétil, não ocorrendo, no entanto, a cura definitiva. Devem ser adotadas alterações do estilo de vida (promovendo hábitos saudáveis e exercício físico), controlo de doenças existentes e envolver a/o parceira/o na abordagem terapêutica, de modo a aumentar a adesão, satisfação e cumplicidade do casal no tratamento. 
 
Apesar do tratamento depender sempre da causa e da sua gravidade, a terapêutica farmacológica de primeira linha consiste em medicamentos orais que favorecem a irrigação peniana, com elevada taxa de sucesso. Encontram-se contraindicados em doentes que fazem nitratos ou com doença cardíaca grave e, por isto, a sua utilização depende sempre de uma avaliação e prescrição médicas. As terapêuticas de segunda linha são constituídas por aplicação de agentes vasodilatadores a nível uretral ou injeção cavernosa, o recurso a bombas de vácuo que favorecem a ereção ou tratamentos hormonais. A terapêutica de terceira linha é constituída pela implantação de próteses penianas, que resultam numa ereção artificial com rigidez que permite a penetração e o controlo da duração da relação sexual.
 
O aconselhamento psicológico e a terapia sexual são bons complementos de outras formas de tratamento da disfunção erétil, sobretudo quando existe stress, ansiedade ou depressão associados.
 
O reconhecimento do problema no seio do casal e a sua apresentação junto do médico assistente são os passos fundamentais. Este último encaminhará ao urologista as situações que carecem de uma intervenção mais especializada, de modo a obter o melhor resultado possível.
 

Artigo elaborado por:
Ricardo Borges, Diretor do Serviço de Urologia do CHL

Sabia que...

A disfunção erétil atinge 460.00 homens em Portugal (12,9% dos homens com idade entre os 18 e os 70 anos), dos quais apenas 40.000 (9%) encontram-se em tratamento (estudo epidemiológico da Sociedade Portuguesa de Angrologia). 

Cancro do testículo

O cancro do testículo é um tumor que começa por se desenvolver num dos testículos, e acaba muitas vezes por se espalhar a outras partes do corpo. Existem dois grandes tipos de tumor testicular:
 
Seminomas – podem surgir em homens de qualquer idade e são menos agressivos;
Não-seminomas – afetam especialmente os homens mais jovens, e desenvolvem e espalham-se mais rapidamente.
 
É fundamental que todos os homens façam o autoexame regularmente, principalmente se for detentor de algum dos seguintes fatores de risco: 
- Idade entre os 18 e os 35 anos;
- Hipospádia: malformação congénita que faz com que a abertura da uretra em vez de estar na extremidade da glande, se localize na parte de baixo do pénis;
- Criptorquidia: ausência da descida, ou descida apenas parcial dos testículos do abdómen para a bolsa do escroto;
- Pouca produção de esperma;
- Desenvolvimento atípico do testículo;
- Historial familiar (pai ou irmão que já tiveram cancro do testículo).
 
O autoexame dos testículos deve ser feito no banho, para que a pele do escroto esteja relaxada:
- Verificar se existe algum inchaço no escroto;
- Palpar o saco escrotal para encontrar os testículos;
- Examinar um testículo de cada vez;
- Considerar normal se um testículo for ligeiramente maior que o outro, ou se sentir algo semelhante a um cordão (epidídimo) no topo e na parte de trás de cada testículo;
- Se encontrar algum nódulo ou inchaço deverá procurar ajuda médica. Uma alteração no testículo não significa necessariamente um cancro; no entanto, se for, quanto mais cedo for detetado, maiores são as probabilidades de cura.
 
O cancro do testículo geralmente não causa dor, pelo que o seu principal sintoma é o inchaço no escroto ou o aparecimento de uma massa palpável, num ou nos dois testículos.
 
Este tipo de tumor representa 1% de todos os tumores dos homens, estimando-se um diagnóstico entre três a 10 novos casos por cada 100.000 homens. Tem existido uma tendência crescente do número de novos casos.
 

Cartaz oficial - Semana Europeia da Urologia 2020