Dia Nacional do Farmacêutico

O Dia Nacional do Farmacêutico assinala-se a 26 de Setembro, que no calendário litúrgico romano corresponde ao dia de São Cosme e São Damião, os santos padroeiros da profissão farmacêutica.
 
São Cosme e São Damião eram dois irmãos gémeos, um médico e outro farmacêutico, que atendiam os doentes sempre em conjunto e sem cobrar pelo serviço prestado. Cosme, médico, diagnosticava e prescrevia o tratamento, enquanto Damião, farmacêutico, preparava os medicamentos a serem administrados.
 
A história de São Cosme e São Damião demonstra a complementaridade e interdependência que as profissões de farmácia e medicina possuem.
 
O símbolo da Farmácia é representado por uma taça entrelaçada por uma serpente. A taça representa a cura, e a serpente representa a ciência e o renascimento, mas também pode representar a cicatrização em oposição ao veneno.
 
Todos os hospitais têm a sua farmácia e todas as farmácias têm os seus farmacêuticos, sendo a direcção técnica obrigatoriamente assegurada por um farmacêutico hospitalar especialista.
 
Em Portugal, a Farmácia Hospitalar começa na década de 40 do século passado com a entrada do Professor Aluísio para o Hospital de Santa Marta (1939) e do Professor Silveira para o Hospital da Marinha (1945).
 
A preparação de medicamentos e a distribuição eram as atividades dominantes nas décadas de 40 e 50.
 
Na década de 60 é publicado o Regulamento dos Serviços Farmacêuticos (Decreto Lei nº 44204 – Fev/62), considerado um documento inovador a nível europeu que contempla princípios relevantes para esta área de exercício profissional: estabelece a autonomia técnica dos Serviços Farmacêuticos (uma das conquistas mais importantes para o futuro deste grupo profissional que permitiu manter uma independência total relativamente aos seus pares na saúde); cria a carreira farmacêutica hospitalar e o estágio de carreira; define as funções das diferentes áreas dos serviços farmacêuticos; propõe a utilização do sistema do Formulário Hospitalar de Medicamentos e a existência das Comissões de Farmácia e Terapêutica; e cria um Organismo Central Coordenado.
 
As Comissões de Farmácia e Terapêutica adquirem importância crescente e organizam-se em alguns hospitais os primeiros Centros de Informação de Medicamentos.
 
Com o aparecimento de novos fármacos, cada vez mais eficazes, mas também mais tóxicos, começa uma nova era na história da farmácia hospitalar. O farmacêutico hospitalar começa a ser solicitado para prestar informação sobre as implicações que as características específicas destes novos medicamentos podem ter sobre o perfil clínico dos doentes. Surge assim, uma nova forma de estar na profissão, designada por Farmácia Clínica. O desenvolvimento deste conceito, iniciado nos Estados Unidos e no Canadá, rapidamente chegou à Europa e naturalmente a Portugal. Ficou na história da farmácia hospitalar a frase "ao doente certo, o medicamento certo", que reflete toda uma preocupação crescente com a qualidade e a segurança.
 
Os problemas económicos relacionados com o aumento dos gastos com medicamentos associados à mudança de atitude dos Farmacêuticos Hospitalares e construção de novos hospitais, criaram as condições para o desenvolvimento dos sistemas de distribuição de medicamentos em dose unitária.
 
O contacto com os serviços médicos, através dos novos sistemas de distribuição e de informação sobre medicamentos marca nos anos 70, de forma definitiva, a orientação clínica da Farmácia Hospitalar.
 
A preparação individual de citotóxicos e de misturas para nutrição parentérica e a monitorização de fármacos constituem um retorno à tecnologia respondendo às necessidades da evolução terapêutica a nível hospitalar.
 
Os conhecimentos e técnicas utilizadas na organização da informação sobre medicamentos associados ao aumento crescente da dispensa de medicamentos a doentes em regime de ambulatório, criam condições ao Farmacêutico Hospitalar para desenvolver programas de informação ao doente.
 
Em Portugal a especialização em Farmácia Hospitalar é reconhecida oficialmente. Os primeiros títulos de Especialista em Farmácia Hospitalar foram atribuídos pela Ordem dos Farmacêuticos em 1994.
 
Em 1990 nasce a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares e em 1995 toma posse o primeiro Conselho do Colégio da Especialidade de Farmácia Hospitalar.
 
Desta forma, e no sentido de os farmacêuticos poderem exercer as suas funções de forma autónoma no ambiente complexo e multidisciplinar característico de um hospital, é necessária uma especialização em Farmácia Hospitalar após a sua formação universitária.
 
O farmacêutico hospitalar integra uma vasta equipa multidisciplinar de saúde que trabalha nos hospitais, estando diretamente envolvido nos processos de seleção, aquisição e boa gestão dos medicamentos e dispositivos médicos, na prescrição e correta administração, na sua preparação e distribuição a todos os serviços assistenciais (blocos, enfermarias, urgências, etc), gerando informação de natureza clínica, científica ou financeira que o sistema carece, especialmente na avaliação da inovação terapêutica e monitorização dos ensaios clínicos.
 
Podem destacar-se como funções do Farmacêutico Hospitalar:
1. A seleção e aquisição de medicamentos, produtos de saúde e dispositivos médicos;
2. O aprovisionamento, armazenamento e distribuição dos medicamentos experimentais e os dispositivos utilizados para a sua administração, bem como os demais medicamentos já autorizados, eventualmente necessários ou complementares à realização dos ensaios clínicos;
3. A produção de medicamentos, nomeadamente a preparação de medicamentos antineoplásicos, os quais são considerados de alerta máximo, o que significa que um erro pode originar danos graves e irreversíveis. Estes medicamentos são preparados no Serviço Farmacêutico, com condições técnicas específicas e rigorosas, sob total responsabilidade do farmacêutico. Todos os passos da preparação requerem dupla verificação em todas as fases do processo, desde a validação da prescrição médica pelo farmacêutico, bem como a preparação e a rotulagem do medicamento para administração ao doente. Os tratamentos são administrados em regime de ambulatório no hospital de dia, aos doentes seguidos na consulta de Oncologia;
4. A análise de matérias-primas e produtos acabados;
5. Validação da prescrição: os farmacêuticos hospitalares fazem a revisão das doses, confirmam as indicações terapêuticas, minimizam o risco, dialogam com médico e enfermeiros, sempre com o objetivo de fazer chegar ao doente tratamentos seguros e eficazes.
6. A distribuição de medicamentos e outros produtos de saúde a doentes internados, e também aos doentes em regime de ambulatório.
A dispensa de medicamentos em regime de ambulatório pela farmácia hospitalar é efetuada numa consulta especializada e criada para satisfazer, entre outras, a necessidade de vigilância e controlo de determinadas patologias crónicas e terapêuticas prescritas em estabelecimentos de cuidados de saúde diferenciados. A dispensa de medicamentos a doentes em regime de ambulatório pelos Serviços Farmacêuticos do CHL, E.P.E. é feita de forma gratuita e compreende medicamentos cujo fornecimento se encontra abrangido por legislação ou por autorização prévia do Conselho de Administração.
7. A participação em Comissões Técnicas (Comissão de Farmácia e Terapêutica, Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos, Comissão de Ética, Comissão da Qualidade, Comissão de Coordenação Oncológica, Comissão de Gestão de Risco Clínico, Grupo de Trabalho do Centro de Investigação, entre outras);
8. A Farmácia Clínica, a Farmacovigilância e a prestação de Cuidados Farmacêuticos;
9. A colaboração na elaboração de protocolos terapêuticos;
10. A colaboração na prescrição de Nutrição Parentérica;
11. A Informação de Medicamentos aos profissionais de saúde e aos doentes;
12. O desenvolvimento de ações de formação.
 
O Serviço Farmacêutico do CHL E.P.E., é composto por 10 farmacêuticos, que diariamente asseguram o cumprimento dos “sete certos” (doente certo, medicamento certo, dose certa, via certa, tempo certo, informação certa e documentação certa) em todas as atividades relacionadas com medicamentos no hospital, primando pela qualidade e segurança em todo o seu circuito.

Artigo elaborado por:
Equipa do Serviço Farmacêutico do CHL





Assista a este vídeo e fique a saber o que se faz na farmácia hospitalar.