Dia Europeu da Depressão 2020

“Todos os dias é assim. Levanto-me da cama, a cama que escolhi, no quarto que decorei, na casa que comprei. Sento-me, tomo um pequeno almoço agradável, despeço-me da minha família perfeita e entro no meu carro recém-comprado. Faço 30 minutos de ginásio. Vou para o trabalho onde antigamente me sentia realizada. Almoço com as minhas amigas, vou às compras ao fim da tarde. Uma vida perfeita, como me dizem. Então porque me sinto assim, vazia, com uma angústia que me faz querer arrancar o peito?” J.C.
 
20 em cada 100 pessoas poderá, em algum momento da sua vida, sofrer de depressão. Não importa a idade, as causas ou os contextos. Não escolhe meio social ou económico. Não escolhe a Maria João ou o João Maria.
 
Embora se reconheça a carga genética e biológica associada à depressão, são os contextos vivenciais e/ou traumáticos que muitas vezes a despoletam. Vários são os mecanismos neurobiológicos implicados na sua manifestação e hoje existe um amplo estudo terapêutico associado (psicofármaco ou psicoterapêutico).
 
Das causas, tudo e nada se sabe. As condicionantes vivenciais são determinantes na sua especificidade, os contextos sócio económicos na sua generalidade.
 
Conhecemo-la como uma doença limitante, transversal e universal. Justificamos a sua origem, mistificamos a sua presença, estigmatizamos a sua manutenção. Mas haverá sempre uma resposta depressiva?
 
Não devemos confundir conceitos: tristeza e depressão assemelham-se. A primeira é uma característica da segunda mas pode viver isolada. Se fico frustrada  porque tive uma má nota num trabalho, se perco alguém que me é querido, se o meu clube perdeu o campeonato, é natural que fique triste, estranho seria se não ficasse e tenho o “direito” de me sentir assim. É um mau estar que vai durar uns dias, umas semanas, mas que tem uma causa e vai acabar por passar. Fico deprimido sem atribuir uma causa, até quando tudo parece estar bem, e é isso que pode custar mais, o estar tudo bem e eu não acompanhar esse estado.
 
A depressão é uma doença que, atempadamente, se trata. Além de se tratar, previne-se! Falar sobre o tema minimiza o estigma associado e dá abertura à procura de ajuda e intervenção diferenciada.
 
É, neste âmbito, que o Hospital de Dia de Psiquiatria aborda esta temática, desmistificando de forma prática e de partilha um tema que, direta ou indiretamente, nos marca a todos e que é ainda uma das principais causas de suicídio em Portugal.

No dia 1 de outubro assinalamos o Dia Europeu da Depressão mas todos os dias são bons dias para falarmos sobre a nossa saúde mental!



Material de sensibilização produzido por utentes do Hospital de Dia de Psiquiatria (HDiaPSiq) em contexto de prevenção da Depressão, campanha “Todos os dias são bons dias para falar de depressão”.

 

 

Ação dinamizada por: 
Joana Correia, Psicóloga, Carina Reis, Terapeuta ocupacional e Sofia Fonseca, Psiquiatra.