HSA recebeu o 1.º Encontro sobre Prevenção e Controlo da Infeção

«É fundamental criar estratégias conjuntas para combater e minimizar as infeções e o seu impacto, principalmente ao nível dos cuidados de saúde», salientou João Coucelo, diretor clínico do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), na abertura do 1.º Encontro sobre Prevenção e Controlo da Infeção entre Instituições que Prestam Cuidados a Idosos. Este evento, que se realizou no Hospital de Santo André no dia 31 de janeiro, por iniciativa da Comissão de Controlo da Infeção (CCI), reuniu cerca de 140 participantes, profissionais ligados aos lares, aos cuidados continuados, às IPSS e ao CHL, numa iniciativa inédita no País de parceria entre os vários níveis de cuidados.

O diretor clínico referiu que «cabe aos hospitais virarem-se para o exterior e trabalhar em cooperação com outras entidades ligadas aos cuidados dos doentes», o que faz especial sentido tendo em conta que, como explicou Célio Fernandes, coordenador da Comissão de Controlo da Infeção do CHL, «a ideia é desenvolver um trabalho de parceria com o envolvimento de todas as Instituições que prestam cuidados a doentes, sobretudo idosos, em regime de internamento, com o objetivo de procurar a melhoria continua da qualidade dos cuidados».

Partilharam a mesa de abertura com João Coucelo e Célio Fernandes ainda Maria do Céu Mendes, diretora regional da Segurança Social, e Rui Passadouro, em representação de Isabel Poças Santos, diretora executiva do ACES Pinhal Litoral. Maria do Céu Mendes destacou a parceria firmada entre a Segurança Social, o CHL e os centros de saúde da área de abrangência deste Centro Hospitalar, manifestando o seu desejo de que a referida parceria possa, de futuro, chegar a todo o distrito.

Rui Passadouro falou do impacto negativo que as infeções têm ao nível da qualidade de vida, com consequências graves e grandes custos sociais e económicos. As boas práticas são, assim, essenciais à prestação de cuidados, e os profissionais de saúde têm um papel importante no que toca ao controlo da prescrição médica de antibióticos e, enquanto utentes, para serem mais exigentes e mais informados, questionando essa prescrição.

Como explicou Célio Fernandes, «as taxas de infeções, as colonizações e o surgimento das resistências aos antimicrobianos são preocupações que devem ser partilhadas por todos aqueles que prestam cuidados a idosos, sendo que o local e o momento em que a infeção foi adquirida são dados clínicos essenciais, por vezes determinantes, para o sucesso no seu tratamento». «As infeções adquiridas na comunidade, as nosocomiais e as infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS), são classificações consensuais e mais ou menos universais, e podem surgir na comunidade, associadas a prestação de cuidados de saúde ou a outros fatores, como por exemplo a residência em comunidade – o que acontece nos lares», referiu.

Portugal é um dos países com mais alta taxa de infeção associada aos cuidados de saúde, e este facto é, segundo Célio Fernandes, «responsabilidade dos profissionais, cuidadores e instituições», porque «usamos demasiados antibióticos, durante demasiado tempo, e higienizamos poucas vezes as mãos».

Fernanda Pedrosa, enfermeira e membro da CCI do CHL, destacou «o passo de grande importância que representa este Encontro, porque nos permite chegar à fala com os nossos parceiros, as pessoas que cuidam dos doentes fora do hospital», e é fundamental «reforçar a comunicação entre todos os agentes, desde as administrações regionais de saúde, aos hospitais, cuidados primários, lares e outras instituições – esta é, inclusivamente, uma determinação da Direção Geral de Saúde (DGS)». «O importante é criar e fomentar parcerias, e não encontrar responsabilidades», explicou.

O papel da CCI consiste na implementação e garantia de cumprimento de boas práticas, e também vigilância epidemiológica das infeções, para conhecer a sua origem e o seu tipo. «As infeções causadas por estirpes multirresistentes são problemas que cada vez temos mais dificuldade em resolver», alertou a enfermeira da CCI, que apresentou dados do número de doentes que apresentavam infeções quando deram entrada nos serviços do Hospital de Santo André e Hospital Distrital de Pombal, em 2012 e 2013.

Carlos Palos, coordenador da Comissão de Controlo de Infeção do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e um dos maiores especialistas do País nesta matéria, abordou a problemática das infeções e fatores de risco no contexto da prestação de cuidados de saúde aos idosos em regime de internamento, dando ênfase à necessidade de adequar a prescrição de antibióticos. A incorreta prescrição de antibióticos está intimamente ligada ao aumento das resistências antimicrobianas, sendo Portugal um dos países que apresenta os piores resultados em algumas resistências, explicou. Ainda sobre os fatores de risco de infeção, alertou para a necessidade de evitar a algaliação por rotina nos idosos, porque esta é a principal causa da infeção urinária associada aos cuidados de saúde.

Goreti Gouveia, enfermeira do Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência aos Antimicrobianos da DGS, iniciou a sua intervenção frisando que a prevenção e controlo da infeção se inicia por «fazer pequenas coisas». Entre as principais estratégias, salientou a higiene das mãos – lavar as mãos é o primeiro gesto essencial –, mas também o uso correto das luvas e outros equipamentos de proteção, utilização das precauções básicas, e a higiene das superfícies frequentemente manuseadas ou tocadas. Focou ainda a importância da formação e treino dos profissionais, e a avaliação do cumprimento das boas práticas através de auditorias internas.