CHL avalia perfil de utentes pouco urgentes e não urgentes que recorrem às Urgências

O Centro Hospitalar de Leiria vai avaliar o perfil de utentes pouco urgentes e não urgentes que recorrem aos Serviços de Urgência Geral. O questionário será aplicado entre os dias 12 de novembro e 20 de dezembro no Hospital de Santo André (HSA), e a investigação conta com a parceria da Escola Superior de Saúde de Leiria do Instituto Politécnico de Leiria. Este estudo surge na sequência da análise de um inquérito preliminar realizado em maio, cujos resultados o CHL quer aprofundar, nomeadamente as razões que levam os utentes a optar pelo recurso à Urgência como primeira opção.

O projeto tem como principal finalidade caracterizar o perfil dos utentes referenciados e triados como pouco urgentes e não urgentes que recorrem ao Serviço de Urgência Geral do HSA, bem como caracterizar o perfil dos hiperfrequentadores da Urgência Geral. Identificar os motivos pelos quais estes utentes dão primazia aos serviços de urgência e não aos cuidados de saúde primários, e analisar o grau de conhecimento que um utente pouco ou não urgente tem sobre o funcionamento da consulta aberta nos centros de saúde, são outros pontos da investigação.

«O recurso aos serviços de urgência de forma inapropriada é um problema comum em diversos países e Portugal não é exceção, sendo uma preocupação constante, e motivo de reflexão dentro do SNS», explica Alexandra Borges, vogal executiva do Conselho de Administração do CHL, nomeadamente para perceber as razões pelas quais os utentes pouco urgentes e não urgentes se dirigem aos serviços de urgência em vez de irem aos centros de saúde. «Aqui importa a articulação entre os níveis de cuidados, já que, segundo estudos recentes, quanto melhor for essa articulação, menor será o recurso indevido da população ao serviços de urgência», realça.
 
«Foi neste contexto, e no sentido de perceber os motivos de vinda ao Serviço de Urgência Geral do HSA que, em maio do corrente ano, aplicámos um questionário a cerca de 733 doentes que acorreram ao serviço», refere Alexandra Borges. Da análise das respostas obtidas apurou-se que 58% desses utentes (pouco urgentes e não urgentes) referiram que recorreram ao serviço de urgência do HSA por preferência pessoal, e só cerca de 19% eram referenciados pelos centros de saúde (cuidados de saúde primários). Dos restantes utentes, 14% referiram razões relacionadas com falta de resposta dos cuidados de saúde primários, como sejam sem vaga, hora da consulta incompatível com o horário de trabalho, médico ausente, etc.
 
«Perante estes resultados, sentimos a necessidade de alargar o âmbito do nosso estudo, sendo para nós muito claro que, ao fazê-lo, os cuidados de saúde primários deveriam ser nossos parceiros, e deveríamos ter também um parceiro com experiência neste tipo de investigação, que nos poderia ajudar na seleção da amostra, na escolha dos instrumentos e no tratamento e análise dos dados, tendo sido lançado o desafio à Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria», explica a responsável. Foi assim criado um projeto mais amplo e abrangente, com três parceiros, o Centro Hospitalar de Leiria, o ACES Pinhal Litoral e a Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria.

O questionário vai ser aplicado entre 12 de novembro e 20 de dezembro, garantindo assim que a amostra será estatisticamente significativa. Nos serviços de urgência do Hospital Distrital de Pombal e Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira o estudo será realizado em 2015.