Centro Hospitalar de Leiria quer ser o primeiro hospital amigo do doente celíaco

Sensibilização dentro e fora de portas para apoiar os utentes com esta doença autoimune

O Centro Hospitalar de Leiria quer ser o primeiro hospital amigo do doente celíaco. Para o efeito, o CHL acaba de lançar o projeto “CHL 1º hospital amigo do doente celíaco” que prevê ser uma plataforma de sensibilização para os profissionais de saúde e para a comunidade, além de constituir-se como um apoio para os seus doentes celíacos, e de garantir que em todos os serviços de qualquer das unidades do CHL, o doente celíaco tem à disposição alimentos aptos à sua condição, e encontra profissionais que entendem a sua patologia.
 
Apresentado no I Encontro de Doença Celíaca do Centro Hospitalar de Leiria o projeto pretende romper com o desconhecimento face a esta doença. «Nunca se falou tanto de doença celíaca, ou de dietas sem glúten, e ainda assim o desconhecimento e o estigma existem», explica Ângela Carvalho, nutricionista do CHL. «Pretendemos institucionalizar e investir ainda mais na formação dos nossos colaboradores, desde os da cozinha, aos profissionais de saúde da urgência ou dos internamentos, para que os doentes celíacos tenham a resposta adequada. Devem ser logo sinalizados para terem alimentação adequada, que não tenha sido de forma alguma contaminada por alimentos com glúten, sendo que este é um dos problemas mais frequentes e mais graves para estes doentes, por exemplo através da manipulação ou transporte conjunto de alimentos com e sem glúten.»
 
Por outro lado «queremos sensibilizar a classe médica para esta doença que tem manifestações muito diversas, e que por isso pode levar os profissionais a procurar muitas causas diferentes, levando, em alguns casos, anos para a chegar ao diagnóstico correto, sendo que uma rápida análise poderá ser indicativa ou descartar o diagnóstico de doença celíaca», enquadra Sandra Barbeiro, gastrenterologista do CHL.
 
O projeto nasceu do impulso dado por uma utente, Estela Vicente, doente celíaca. Depois de anos com manifestações diversas, e passando por múltiplas especialidades e exames em vários hospitais, teve finalmente o diagnóstico de doença celíaca. A vida muda muito depois desse diagnóstico, explica, sendo que uma das maiores batalhas se prende com a falta de oferta de alimentação isenta de glúten e, concomitantemente, livre de contaminação cruzada, ou seja, que não tenha qualquer contacto com alimentos com glúten, além da falta de sensibilização para as restrições alimentares dos celíacos. «Fala-se muito do glúten, mas as pessoas não percebem que nós não podemos apenas restringir ou diminuir a ingestão de glúten, os celíacos não podem, mesmo, ingerir ou contactar com o glúten. Temos de ter um estilo de vida sem glúten, não apenas uma dieta», explica.
 
Entre outras ações, o projeto pretende criar um grupo de apoio físico para os celíacos, promover workshops e a sensibilização, prover uma plataforma que acompanhe os celíacos nos seus desafios diários. A médio prazo o projeto prevê fazer formação aos manipuladores de alimentos sobre os procedimentos a realizar para evitar a contaminação cruzada, e diversificar a oferta alimentar sem glúten nas diversas máquinas de vending nas diversas unidades do CHL, promover uma sessão de sensibilização para profissionais de saúde, workshops de culinária sem glúten para a comunidade, realizar sessões de esclarecimento em centros de saúde, entre outros.

7 de junho de 2018